94% das empresas aprovam home office, mas 70% vão encerrar ou manter em parte

Cerca de 94% das empresas brasileiras afirmam que atingiram ou superaram suas expectativas de resultados com o home office. Mesmo assim, 70% planejam encerrar a prática ou reduzi-la a apenas 25% dos funcionários quando a pandemia de Covid-19 tiver terminado.

 

70% dos trabalhadores gostariam de permanecer em home office, indica pesquisa - Morsa Images/Getty Images
70% dos trabalhadores gostariam de permanecer em home office, indica pesquisa Imagem: Morsa Images/Getty Images.

 

Estes são alguns dos dados revelados na Pesquisa de Gestão de Pessoas na Crise de Covid-19, conduzida pela Fundação Instituto de Administração (FIA), realizada entre 14 e 29 de abril, com 139 empresas brasileiras de grande, médio e pequeno porte.

A decisão de não manter o teletrabalho vai contra a percepção dos funcionários.

“Uma pesquisa paralela conduzida pelo professor André Fischer, também da FIA, apontou que 70% das pessoas gostariam de permanecer em regime de home office, integral ou parcial”, revela o professor Filipe Talamoni Fonoff, um dos responsáveis pelo levantamento.

 

Home office pode gerar processos trabalhistas

A relutância em manter esse novo formato pode ser explicada pelos custos inesperados e riscos trabalhistas gerados com a implementação brusca do home office imposta pelo Covid-19.

O mercado brasileiro estava despreparado para essa transição.

Outra pesquisa da FIA, realizada no ano passado, concluiu que apenas 32% das empresas acima de 100 funcionários tinham uma estratégia desse tipo planejada.

“Até agora, apenas cerca de 10% das empresas decidiram custear a internet dos funcionários, por exemplo. Isso gera um risco jurídico no limite, os funcionários poderiam cobrar o aluguel das casas onde moram, das empresas para quem trabalham. Migrar 100% para o teletrabalho, fechando o escritório de vez, também não é uma solução viável para o corte de custos. Isso significaria um desembolso considerável com multas contratuais e com a readequação do espaço físico para a devolução. É uma pancada em um caixa que já está afogado”, avalia Fonoff.

 

O escritório virou uma vila no interior

O mais provável é que a longo prazo, as empresas encontrem um meio termo.

“O mundo não vai ser como era, mas não será como está hoje. Mais de 80% dos nossos funcionários relataram que querem ter a flexibilidade de trabalhar em casa, mas ainda querem um escritório para ir quando acharem importante”, afirma o diretor de pessoas e organização da Braskem, Rodrigo Souza Gomes.

Para Silvia Spessotto, gestora da empresa de RH Evolluir, a transição é irreversível.

“Esse período de pandemia tem sido um marco. As pessoas estão aprendendo a valorizar outras coisas além do trabalho. E quando muda valor, muda a cultura. Se a cultura das empresas não acompanhar essa mudança, elas morrem”, opina.

Algumas companhias já apontam nessa direção.

Até o fim de 2021, a XP Investimentos pretende inaugurar a VIlla XP, um misto de think tank, espaço de reuniões e clube esportivo em São Roque, no interior de São Paulo, que deve substituir a maior parte do escritório atual, que ocupa oito andares na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo. A ideia é permitir que os funcionários trabalhem de qualquer lugar, mas não percam o espaço de convivência social da empresa.

“É uma mudança de estilo de vida. Em um período pós-pandemia, a gente tem falado em XP de qualquer lugar, não de home office”, explica a gerente executiva Lana Brandão de Barros.

 

67% não demitiram, mas 25% reduziram jornada ou salário.

Nas 139 empresas consultadas na Pesquisa de Gestão de Pessoas na Crise de Covid-19, 46% dos funcionários estavam em posições que poderiam ser executadas de casa e de fato, quase todos eles (41%) adotaram o home office.

As empresas pequenas foram as que conseguiram migrar mais funcionários: 52%.

As grandes e médias, 38% cada.

Cerca de 67% das empresas afirmaram terem enfrentado dificuldades nessa transição.

Os principais problemas foram o acesso remoto aos documentos e sistemas da companhia que afetou 34% delas e o comportamento dos funcionários nos ambientes virtuais de comunicação. também 34%.

Outros obstáculos mais citados foram a atuação da área de TI na infraestrutura do home office (28%) e a qualidade da conexão da internet na casa do trabalhador (11%).

Entre as empresas consultadas:

  • 67% mantiveram seu quadro de funcionários estável.
  • Cerca de 62% optaram pelo uso do banco de horas,
  • 25% por reduções da jornada de trabalho e do salário,
  • 21% por férias coletivas,
  • 20% por suspensão de contrato de trabalho,
  • 13% por demissões.

Outras estratégias comuns para diminuir custos foram:

  • renegociação de contratos com fornecedores (67%),
  • corte de custos internos (62%),
  • flexibilização na negociação com clientes (56%)

Fonte: UOL

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