Crescimento foi de 12% no primeiro trimestre de 2024, comparado ao mesmo período de 2023. Grupo que mais usa o medicamento tem entre 39 e 48 anos.

O uso de antidepressivos entre funcionários de empresas no Brasil aumentou 12% no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2023.
Os medicamentos têm maior adesão entre profissionais de 39 a 43 anos (19,8%), seguidos da faixa de 44 a 48 anos (16,5%).
O levantamento, obtido com exclusividade pelo Valor, foi realizado a partir da análise da compra de medicamentos de 196.677 funcionários, com acesso ao subsídio, de 250 empresas que contratam os serviços bem-estar corporativo.
Do total pesquisado, a maioria são homens (51%) que trabalham em organizações com 300 a 1.000 empregados (51%).
“No geral, 17% dos nossos usuários estão em cargos de liderança, acima da gerência”, diz Luis González, CEO e cofundador da Vidalink.
Diante dos dados obtidos, González diz que é importante que o tema do bem-estar seja acompanhado de uma forma mais completa pelos empregadores, com um posicionamento preventivo, que inclui estímulo à prática de exercícios físicos, adoção de uma alimentação saudável e acompanhamento psicológico.
“Não basta apenas medicar os funcionários. É preciso um trabalho conjunto entre empresa e colaborador para tratar da complexidade dessa temática.”
Na opinião do executivo, para que benefícios corporativos como o auxílio à aquisição de medicamentos e o acesso à terapia sejam eficazes, a organização deve adotar posturas de acolhimento, de acordo com as necessidades das equipes.
“O medicamento não surtirá efeito em alguém que se encontra em um ambiente tóxico e desestimulador”, destaca.
“A medicação também não fará efeito, se o profissional agir de má fé, dizendo que está tomando, sendo que não está, inventando historinhas e justificativas ou parando a medicação por conta própria – é uma falta de consciência muito grande. Tudo tem que ser muito bem investigado porque na maioria das vezes é o que acontece. Conflito de interesse, crença limitante….” Silânia Costa, Enfermeira do Trabalho e Diretora na empresa Mundiblue.
Em um recorte mais amplo do estudo, que analisa a utilização de medicamentos para a saúde mental em geral – ansiolíticos, antipsicóticos, psicoestimulantes, de combate à depressão e aos distúrbios do sono, a faixa etária de 19 a 23 anos é a que apresenta a maior participação nas compras dos remédios (28,5%), enquanto empregados com mais de 59 anos têm o menor índice (14,8%).
Na análise do tipo de opções compradas, a maioria (53%) é para o tratamento da depressão.
“Ao avaliar que os mais jovens são os que mais consomem medicamentos para a saúde mental, precisamos nos preocupar com o apoio às novas gerações que chegam ao mercado de trabalho. Por outro lado, temos uma preocupação também com as gerações mais velhas, que podem estar negligenciando esses cuidados, por ainda tratarem o tema como um tabu,” pontua González.
Em pesquisa realizada pela Vidalink no primeiro semestre de 2023 com 8.900 respondentes, 29% afirmaram não fazer nada para cuidar da saúde mental.
Os dados apontaram que as funcionárias são as mais flexíveis para agendar sessões de terapia, duas vezes mais mulheres disseram usar a alternativa como principal forma de cuidar da saúde mental do que os homens (17,3% e 8,8%, respectivamente).
“A boa notícia nesse cenário alarmante de consumo de medicamentos é o número crescente de organizações abertas à questão da saúde mental e preocupadas em subsidiar medicamentos (Financiar, dar apoio financeiro) para o quadro, não apenas para baixar ou controlar a sinistralidade dos planos de saúde, mas por entenderem que a qualidade de vida dos profissionais tem valor para o negócio”, afirma o CEO.
O cuidado com a equipe pode começar com o controle do estresse no ambiente de trabalho, ensina.
“A organização deve promover uma cultura de cuidado que, somada ao incentivo para rodas de conversas, alimentação saudável, atividades físicas, sociais e de lazer, tende a melhorar os indicadores de saúde mental.”
O Brasil é o país com a maior prevalência de depressão na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dados de mapeamento sobre a doença realizado pela OMS em 2022 apontam que 5,8% da população brasileira sofre da doença, o equivalente a 11,7 milhões de pessoas.
Fonte:
Luis González, CEO e cofundador da Vidalink.
Época Negócios – Futuro do Trabalho.