Estudo: funcionários veem maior flexibilidade no trabalho como fator para melhorar saúde mental
Ambiente de trabalho, carga horária e benefícios mais flexíveis são desejados por funcionários das empresas. Mas boa parte deles diz que suas lideranças ainda são rígidas em seu modo de pensar
Possibilidade de trabalhar de forma híbrida ou remota é uma das mais desejadas por metade dos trabalhadores entrevistados por GPTW e Caju — Foto: Unsplash.
O que as pessoas gostariam de manter em relação ao trabalho é a flexibilidade, seja pelo ambiente, carga horária ou mesmo nos benefícios obtidos junto às empresas.
Isso é o que mostra o novo estudo do Ecossistema Great People & Great Place to Work (GPTW), em parceria com a empresa de benefícios Caju, obtido com exclusividade pela reportagem.
Em pesquisa com 1013 pessoas de todo o Brasil, incluindo profissionais CLT, PJ e funcionários públicos, foi praticamente unanimidade (98% dos respondentes concordaram) que a flexibilidade é um diferencial positivo para o trabalho.
Sendo um fator decisivo inclusive para que troquem de emprego (78,8%) ou recusem uma proposta (83,7%) no caso de ela não ser flexível.
Da amostra da pesquisa:
37% das pessoas trabalham presencialmente,
36,5% em formato híbrido,
26,5% de forma remota.
Ao todo, 69,7% das pessoas dizem que o trabalho se tornou mais flexível após a pandemia.
Mas não se trata apenas do local de trabalho.
O aspecto mais valorizado pelas pessoas em relação à flexibilidade no trabalho é ter horários flexíveis (mencionado por 67,1%).
A possibilidade de trabalhar de forma híbrida ou remota vem em seguida, e depois a autonomia para gerenciar tempo e tarefas.
Veja no gráfico abaixo:
Funcionários querem maior flexibilidade no trabalho — Foto: Ecossistema Great People & Great Place to Work/Caju.
Porque tal flexibilidade é importante?
Para os respondentes da pesquisa, o fator mais importante seria conseguir cuidar melhor da saúde física e mental (83,1%).
Tal preocupação fica bastante acima das demais, como aproveitar mais a família (56,8%) ou investir na própria educação (54,1%).
Para os autores do estudo, isso indica uma necessidade de maior cuidado das empresas com seus funcionários, que podem estar sobrecarregados mentalmente.
“É urgente repensar essa relação com o trabalho. Na verdade, as pessoas já estão fazendo isso, agora é o mundo corporativo que está em processo de adaptação e até mesmo de entendimento do impacto de ambientes negativos, não só na experiência dos funcionários durante o trabalho, mas em toda a sua vida”, diz Lilian Bonfim, diretora de pessoas do Ecossistema Great People & GPTW.
Isso envolve também os benefícios trabalhistas.
Hoje, os tradicionais vale-refeição/alimentação e plano de saúde ainda são os benefícios mais desejados ou considerados importantes por quem já os têm, mencionados por 54,5% e 45,8% do total, respectivamente.
Mas surpreende a terceira opção mais votada: o auxílio home-office, desejado por 22,4% dos profissionais, seguida por apoio psicológico (20%).
“As pessoas querem auxílio home office para, no híbrido ou remoto, manterem a infraestrutura necessária. Querem apoio para cuidar da saúde física e mental, para estudar e se locomover. Querem se prevenir, pensar no futuro e ter segurança financeira”, diz Lucas Fernandes, chefe de recursos humanos da Caju.
29% das pessoas entrevistadas dizem ter benefícios flexíveis;
24,6% dizem que tem, mas que poderiam ser ainda mais flexíveis;
46,5% ainda não têm acesso a eles.
Descompasso entre lideranças e equipes
Para os autores do estudo, tal flexibilidade desejada pela maior parte das pessoas só se tornará realidade com o impulso das lideranças das empresas.
“Se estamos buscando ambientes mais flexíveis e políticas organizacionais pautadas na flexibilidade, é essencial termos lideranças preparadas para isso”, aponta Lilian Bonfim.
A pesquisa, porém, mostra que ainda há o que melhorar nesse sentido.
Apenas 39,5% dos respondentes da pesquisa afirmam que suas lideranças são flexíveis, enquanto 31,4% não as veem nem como flexíveis, nem como rígidas.
Contudo, 29,1% consideram seus líderes rígidos, um “impedimento para a flexibilidade como um todo na organização, e também para que as pessoas tenham a experiência que gostariam”, completa a executiva.
Tal cenário está em descompasso entre o que os próprios líderes pensam sobre si mesmos, lideranças compõem 35,5% dos entrevistados por GPTW e Caju.
Entre esses, 94% acreditam que são sim, flexíveis, e 96% concordam que a flexibilidade pode contribuir para a produtividade e o engajamento dos funcionários.
Para Lilian Bonfim, o primeiro passo para alinhar essas expectativas, visando um ambiente de trabalho mais flexível, é construir uma relação de confiança.
“O principal ingrediente de uma cultura de autonomia e flexibilidade é a confiança. É preciso confiar nas pessoas que fazem parte da empresa e oferecer todas as ferramentas necessárias para que elas tenham uma excelente experiência e assim, construam uma relação positiva com o trabalho. Sem isso, não teremos pessoas saudáveis, produtivas e engajadas, muito menos negócios saudáveis”, diz.
Fonte:
Estudo do Ecossistema Great People & Great Place to Work (GPTW), em parceria com a empresa de benefícios Caju.
Lilian Bonfim, diretora de pessoas do Ecossistema Great People & GPTW.
Lucas Fernandes, chefe de recursos humanos da Caju.