Conforme levantamento, o país também é o mais otimista em relação à tecnologia; menos de um quarto dos entrevistados acredita que pode perder o emprego com o avanço da IA.
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Líderes e funcionários no Brasil estão menos preocupados com os impactos da Inteligência Artificial (IA) no local de trabalho.
Segundo dados de uma pesquisa inédita da consultoria Boston Consulting Group (BCG), apenas 19% dos entrevistados brasileiros demonstraram temor em relação à aplicabilidade da ferramenta, perdendo apenas para a Índia, que registrou 14% nesse quesito.
O levantamento ainda mostrou que os profissionais brasileiros estão mais otimistas com a IA no mercado de trabalho.
O país liderou a pesquisa com o índice de 70,6%.
Além de representantes do Brasil, a pesquisa IA no Trabalho, ouviu mais de 12.800 profissionais de outros 17 países, em cargos que vão desde a alta gerência até a linha de frente, de diversos segmentos industriais.
Segundo o BCG, o principal objetivo do levantamento foi entender como a evolução da IA afetou a rotina de trabalho.
Dentre os ouvidos, 1.000 entrevistados eram do Brasil.
Segundo o levantamento, 77,3% dos profissionais brasileiros acreditam que os benefícios da IA generativa superam seus riscos, valor que está acima da média global, de 71%.
Apenas 23,5% sentem que seu trabalho pode deixar de existir devido à IA.
Para Dan Martines, líder do Centro de IA Generativa do BCG, os resultados do Brasil já eram esperados tamanha a abertura do país para abraçar as novas tecnologias.
“O Brasil é um país que avançou na tecnologia mais do que outros países, até por necessidade; muito além de países onde a tecnologia nasceu. O Brasil tem escala e tem capacidade de testar e experimentar essas tecnologias. Já nos EUA, por mais que várias dessas tecnologias tenham sido lançadas lá, existe uma saturação de IA”, complementa.
Diferentes níveis de preocupação entre líderes e funcionários
Em relação aos impactos da IA nas rotinas de trabalho, o levantamento do BCG também apontou que há diferenças nas percepções de líderes e de colaboradores da linha de frente.
De forma geral, enquanto 62% dos executivos nos países pesquisados são otimistas em relação à IA, apenas 42% dos funcionários afirmaram ter a mesma visão.
A disparidade também aparece em relação à frequência de uso da tecnologia.
A pesquisa mostra que 80% dos líderes dizem usar regularmente ferramentas de IA generativa, enquanto apenas 20% dos funcionários operacionais fazem o mesmo.
Por trás da diferença entre os números, pode estar o temor dos colaboradores de menor escalão de serem mais facilmente substituídos pelos assistentes virtuais, diferentemente da posição mais estável ocupada pelos líderes, explica Otávio Dantas, diretor executivo e sócio do BCG no Brasil.
“O líder talvez esteja em uma situação de conforto ilusório, mas, ao mesmo tempo, ele tem uma visibilidade maior do tamanho da oportunidade. Talvez as duas coisas contribuam: por se informar mais, o líder vê a oportunidade, mas também, talvez, não saiba ainda quantificar o tamanho da ameaça, caso exista”.
“O que vai acontecer com esses empregados é que, com a tecnologia, eles vão começar a expandir a função deles de modo a poder começar a fazer mais funções. E isso vai fazer com que as empresas tenham que redesenhar o modelo operacional. Hoje em dia os funcionários veem essa tecnologia talvez como ameaça, mas várias tecnologias de melhoria de produtividade em empresas criaram mais empregos do que eliminaram”, acrescenta Martines.
Regulamentação da IA generativa nas empresas
Outro ponto abordado pela pesquisa foi a regulamentação da IA.
No Brasil, a regulação foi apontada como importante, com 83,3% dos entrevistados relatando que uma legislação específica para IA é necessária.
Segundo o BCG, em vez de aguardar as regulamentações do governo, muitas empresas estão desenvolvendo e implementando seus próprios programas de IA Responsável (RAI, sigla em inglês para Responsible Artificial Intelligence).
“As pessoas estão prontas para receber a IA no trabalho, mas precisam se sentir confortáveis e confiantes com o compromisso de suas empresas com a ética. Acreditamos que negócios que garantirem espaços de experimentação responsável, investirem no desenvolvimento de seus talentos e priorizarem um programa de RAI serão pioneiros”, prevê Henrique Sinatura, diretor executivo e sócio do BCG.
Fonte:
Pesquisa da consultoria Boston Consulting Group (BCG).
Dan Martines, líder do Centro de IA Generativa do BCG.
Henrique Sinatura, diretor executivo e sócio do BCG.
Época Negócios.
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