Em janeiro de 1922, a insulina foi usada pela primeira vez com sucesso em um paciente, um garoto de 14 anos
Há pouco mais de cem anos, ter diabetes tipo 1, aquela em que o corpo não produz insulina, era uma condição fatal.
O tratamento era basicamente uma dieta restritiva, que acabava levando à desnutrição.
Mas essa condição mudou em 1921, quando uma equipe de cientistas canadenses, liderada por Frederick Banting, descobriu a insulina.
Desde o final do século XIX, os cientistas já sabiam que o pâncreas estava ligado à diabetes.
Quem demonstrou essa conexão foi a dupla de médicos Oskar Minkowski e Joseph von Mering.
Eles descobriram que, ao remover o pâncreas de cães, eles desenvolviam a diabetes.
Ou seja, o pâncreas desempenha um papel fundamental no controle do açúcar no sangue.
Quem seguiu com os estudos foi Frederick Banting.
Nas primeiras horas da manhã de 31 de outubro de 1920, acordando de um sono agitado, Banting rabiscou uma hipótese de 25 palavras que, em um ano, levaria a uma das descobertas médicas mais significativas do século XX.
Ele acreditava que, se conseguisse isolar certas partes do pâncreas, talvez pudesse extrair o “fator antidiabético” das chamadas ilhas de Langerhans.
O termo insulina, aliás, vem do latim insula, que significa ilha, referindo-se justamente às ilhas de Langerhans do pâncreas.
Sem ter um laboratório próprio, e sem experiência em pesquisa, Banting decidiu apresentar sua ideia ao professor de fisiologia John Macleod, da Universidade de Toronto, que emprestou a ele um pequeno laboratório, recursos, cães e a ajuda de um estudante: Charles Best, que ganhou o direito de se tornar assistente em um cara ou coroa.
Foi em 1921 que, após muitos experimentos, Banting e Best criaram um método que permitia extrair uma substância do pâncreas que, quando injetada em outros cães diabéticos, reduzia os níveis de glicose.
Esse “extrato” continha insulina, mas ainda era impura e causava reações adversas.
O bioquímico James Collip juntou-se ao grupo para trabalhar na purificação da insulina, tornando-a segura para o ser humano.
Em janeiro de 1922, a insulina foi usada com sucesso pela primeira vez em um paciente humano com diabetes.
O primeiro paciente foi Leonard Thompson, um garoto de 14 anos que havia sido diagnosticado com diabetes aos 11 anos.
Ele havia sido submetido a uma dieta rigorosa e, aos 14 anos, era muito menor e mais fraco do que qualquer garoto de sua idade, tendo que ficar no hospital, onde tinha oscilações de consciência.
Seus pais então, concordaram que ele testasse o novo tratamento.
A primeira injeção, em janeiro de 1922, teve efeitos colaterais.
Após ajustes feitos por Collip, as injeções subsequentes mostraram melhora nos níveis de glicose, e o estado de saúde do jovem melhorou.
A partir daí, clínicas para diabéticos foram estabelecidas no Hospital de Veteranos, no Hospital Geral de Toronto e no Hospital para Crianças Doentes.
Os Laboratórios de Antitoxinas de Connaught, da Universidade de Toronto, começaram a aumentar a produção de insulina, até que a universidade firmou um acordo com a farmacêutica Eli Lilly & Co. para iniciar a produção em larga escala.
Em 1923, Banting e Macleod receberam o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina.
Mas eles ficaram descontentes porque as importantes contribuições de seus colaboradores não foram reconhecidas por isso, decidiram dividir o prêmio com Best e Collip.
Banting, Best e Collip patentearam a insulina e doaram os direitos à Universidade de Toronto por apenas US$ 1.
Eles acreditavam que a insulina não deveria pertencer a ninguém, e sim à humanidade.
Fonte:
Época Negócios – Invenções.
Mundiblue.