O otimismo forçado mina a confiança, prejudica o desempenho e enfraquece os vínculos entre equipes; especialista em inteligência emocional propõe caminhos para romper esse ciclo.
A cultura da positividade ganhou força nos ambientes corporativos nos últimos anos, impulsionada por discursos sobre bem-estar, motivação e clima organizacional.
Mas quando o otimismo se torna obrigatório, mesmo diante de crises, demissões ou metas inalcançáveis, ele deixa de ser um aliado e passa a ser um problema.
Essa pressão por manter sempre uma atitude positiva, independentemente das circunstâncias, é conhecida como positividade tóxica, e seus efeitos podem ser bastante nocivos.
“O fundamento básico dos relacionamentos entre as pessoas se baseia na capacidade de confiar. A confiança se constrói por meio da honestidade e da transparência, da responsabilidade e da credibilidade, da empatia e da vulnerabilidade. É preciso ser autêntico, e a falsa positividade não é autêntica. Se eu percebo que seu otimismo é fingimento, como posso confiar nas outras coisas que você diz ou faz? Sinto-me seguro para ser autêntico ou também preciso fingir positividade? Escreveu Amy Jacobson, especialista em inteligência emocional e comportamento humano, em artigo publicado na Fast Company.
https://www.fastcompany.com/user/ajacobson
A especialista ainda destacou que, quando isso ocorre, há um impacto em todas as áreas do trabalho, desde a cultura até o desempenho e a saúde mental.
Além disso, impacta o sucesso geral de cada pessoa e consequentemente, da organização.
Para lidar com esse problema, ela listou 5 passos para eliminar a positividade tóxica no ambiente corporativo.
1-Assuma a realidade da situação
O mundo não é perfeito; nós não somos perfeitos. As coisas vão dar errado, e nós vamos errar às vezes. A única coisa sobre a qual temos controle neste mundo é como escolhemos responder, e nossa resposta deve ser autêntica e genuína. Responda adequadamente à situação no local de trabalho, na intensidade certa, sem a necessidade de positividade tóxica forçada.
2- Encare as emoções de frente
Não existe emoção boa ou ruim, e embora tendamos a pensar que positividade é a primeira, esse não é o caso. Devemos nos concentrar em se uma emoção é apropriada para a situação e se a intensidade com que a sentimos é apropriada. Sentimos emoções por um motivo. Reconheça e entenda o que está impulsionando uma emoção para que ela possa ser processada antes de seguirmos em frente.
3- Entenda como as pessoas ao redor estão se sentindo
Nossas emoções influenciam as pessoas ao nosso redor, mas as pessoas conseguem identificar uma emoção falsa de longe. Fingir uma emoção é estabelecer um padrão no ambiente de trabalho sobre o que é aceitável e o que não é. Confiança e respeito não serão criados quando as pessoas não forem autênticas ou genuínas.
4- Faça as perguntas certas e responda às perguntas que lhe forem feitas
A comunicação é sempre fundamental para o ambiente de trabalho, e a capacidade de se comunicar eficazmente influencia diretamente a nossa cultura. Quando sentimos qualquer tipo de emoção intensa, temos algo a dizer. Faça as perguntas certas para entender melhor o que está impulsionando as emoções da outra pessoa. Responda às perguntas que ela tiver e forneça as informações de que ela precisa para seguir em frente.
5- Promova a inteligência emocional
Realisticamente, sabemos que uma ótima cultura no ambiente de trabalho se dá quando todas as emoções são expressas adequadamente. Em algumas situações, pode ser otimismo e, em outras, tristeza, raiva, decepção, medo ou frustração. Não julguemos as emoções dos outros. Avalie-as e faça o que for preciso para garantir que sejam sentidas e processadas antes de seguir em frente.
Fonte:
Amy Jacobson, especialista em inteligência emocional e comportamento humano.
Época Negócio – Futuro do Trabalho.
Mundiblue.