A relação entre atividade física regular e a redução dos sintomas depressivos

A depressão é uma das doenças mais incapacitantes do mundo, afetando mais de 300 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que cerca de 11,5 milhões de pessoas convivem com o transtorno.

O exercício físico como uma caminhada por exemplo, melhora significativamente, todo processo relacionado a doença mental descrito no artigo, lembrando, que este processo deve estar no inicio ou moderado e sempre em conjunto com o tratamento convencional. Nunca abandone o tratamento convencional. Silânia Costa. Enfermeira do Trabalho/Mundiblue.

 

E embora existam tratamentos farmacológicos e psicoterapêuticos eficazes, cresce o número de pesquisas que apontam a atividade física regular como uma ferramenta complementar e poderosa no combate à depressão.

Mas o que a ciência diz sobre essa relação?

Quais tipos de exercícios são mais eficazes?

E como incorporá-los de forma segura na rotina de pessoas com sintomas depressivos?

Este artigo responde a essas perguntas com base em evidências.

Entendendo a depressão: além da tristeza

Depressão não é apenas sentir-se triste.

Trata-se de um transtorno mental caracterizado por:

  • Humor persistentemente deprimido
  • Falta de interesse em atividades antes prazerosas
  • Fadiga e perda de energia
  • Alterações no sono e apetite
  • Sentimentos de culpa ou inutilidade
  • Dificuldade de concentração
  • Pensamentos suicidas

Sua causa é multifatorial, envolvendo disfunções neuroquímicas, estresse crônico, predisposição genética e fatores psicossociais.

E por isso, requer uma abordagem integrativa no tratamento.

Atividade física como intervenção complementar

A prática regular de exercícios físicos vem sendo estudada como forma de prevenção e tratamento auxiliar da depressão.

Segundo a Harvard Medical School, apenas 15 minutos de corrida por dia ou uma hora de caminhada, reduzem o risco de depressão em 26%.

As diretrizes da American Psychological Association e do Colégio Americano de Medicina do Esporte recomendam o uso da atividade física como parte do plano terapêutico, especialmente para casos leves e moderados.

Como o exercício combate a depressão: os mecanismos biológicos

1. Aumento da liberação de neurotransmissores

Durante a atividade física, o cérebro libera substâncias como:

  • Endorfinas: responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar.
  • Dopamina: relacionada à motivação e recompensa.
  • Serotonina: reguladora do humor, sono e apetite.

Esses neurotransmissores têm ação direta sobre o sistema límbico, região cerebral ligada às emoções.

2. Neurogênese e plasticidade cerebral

Estudos – Erickson et al., 2011, mostram que o exercício estimula a produção de novos neurônios no hipocampo, uma região frequentemente afetada em pessoas com depressão.

3. Redução da inflamação sistêmica

A inflamação crônica de baixo grau é um dos fatores associados à depressão.

A atividade física ajuda a regular o sistema imunológico, diminuindo marcadores inflamatórios como a proteína C-reativa (PCR).

4. Regulação do eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal)

Esse eixo hormonal controla a resposta ao estresse.

O exercício regular contribui para a modulação do cortisol, ajudando o organismo a responder de forma mais equilibrada a eventos estressores.

Benefícios psicológicos e sociais

Além dos efeitos fisiológicos, a atividade física também promove:

  • Melhora da autoestima
  • Redução da ruminação mental
  • Estímulo ao engajamento social
  • Estabelecimento de rotina saudável
  • Sensação de conquista e autocuidado

Segundo o estudo SMILE (Standard Medical Intervention and Long-term Exercise), liderado por James Blumenthal (Duke University), os resultados de 4 meses de exercícios foram iguais aos da medicação antidepressiva em casos leves a moderados.

Que tipo de exercício é mais eficaz?

Embora qualquer movimento seja melhor do que nenhum, algumas modalidades se destacam:

1. Aeróbicos

Caminhada, corrida, bicicleta e dança são os mais estudados.

A prática por 30 a 45 minutos, 3 a 5 vezes por semana, mostra os melhores resultados clínicos.

2. Treinamento de força

Musculação e exercícios com peso corporal também demonstraram eficácia, especialmente na melhora da autoconfiança física.

3. Yoga e práticas mente e corpo

Essas modalidades combinam movimento com atenção plena (mindfulness), sendo úteis para redução da ansiedade e regulação emocional.

4. Atividades ao ar livre

Exercícios em ambientes naturais potencializam os efeitos positivos graças ao contato com o verde, exposição solar (vitamina D) e redução de estímulos urbanos.

Estudos científicos relevantes

  • Exercício moderado 3 vezes/semana, reduziu sintomas depressivos em 47% dos participantes.
  •  Meta análise com mais de 30 estudos concluiu que o exercício físico é tão eficaz quanto antidepressivos em casos leves.
  •  Pessoas fisicamente ativas têm 22% menos chances de desenvolver depressão ao longo da vida.

Desafios: depressão reduz a motivação

Paradoxalmente, uma das barreiras para a atividade física é a falta de energia e motivação, justamente causada pela depressão.

Por isso, a abordagem deve ser:

  • Empática e gradual: começar com pequenas metas, como 10 minutos de caminhada.
  • Baseada em reforço positivo: celebrar cada avanço.
  • Supervisionada: quando possível, com acompanhamento de profissional de educação física ou fisioterapeuta.
  • Adaptada ao prazer: escolher atividades que o indivíduo goste ou esteja curioso para experimentar.

Integração com o tratamento tradicional

A atividade física não substitui o uso de medicamentos nem a psicoterapia quando indicados.

Ela deve ser encarada como parte de uma estratégia ampliada de cuidado.

A combinação entre antidepressivos, sessões de psicoterapia como a TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental e prática de exercícios tem demonstrado resultados superiores à intervenção única.

Exercício físico no ambiente de trabalho

Empresas que oferecem espaços, horários e incentivos para a prática de atividade física veem benefícios na redução de licenças médicas e no aumento do engajamento dos colaboradores.

Políticas públicas e prescrição do exercício

A OMS reconhece atividade física como intervenção de primeira linha em saúde pública.

No Brasil, o programa Academia da Saúde busca integrar práticas corporais ao SUS.

Profissionais da saúde da atenção primária podem recomendar planos de exercícios conforme a condição clínica do paciente.

Dicas práticas para começar e manter

  1. Comece devagar: 10 a 15 minutos diários é um ótimo ponto de partida.
  2. Crie uma rotina fixa: Horários regulares ajudam a criar o hábito.
  3. Use lembretes visuais: Agenda, app ou bilhete motivacional.
  4. Acompanhe seu progresso: Anotar como se sente antes e depois.
  5. Busque apoio: Amigos, grupos de caminhada ou apps interativos.

A ciência é clara: a atividade física regular é uma poderosa aliada contra a depressão.

Seus efeitos abrangem não apenas o corpo, mas também a mente e a alma.

Ao movimentar o corpo, movimentamos também nossos pensamentos, nossas emoções e nossa disposição para a vida.

Não se trata de competir, de atingir performance ou estética, mas de usar o movimento como ferramenta de saúde integral.

E, para muitos, pode ser o primeiro passo literal e simbólico, para sair da escuridão da depressão em direção a uma vida com mais luz, leveza e vitalidade.

 

Referências

  • Erickson, K. I. et al. (2011). Exercise training increases size of hippocampus and improves memory.
  • Dunn, A. L. et al. (2005). Exercise treatment for depression.
  • Schuch, F. B. et al. (2016). Physical activity and the prevention of depression.
  • Cooney, G. M. et al. (2013). Exercise for depression. Cochrane Database of Systematic Reviews.
  • Harvard Medical School (2020). Exercise is an all-natural treatment to fight depression.

 

Fonte:

Eduvem, plataforma líder na construção de Universidades Corporativas, reconhecida internacionalmente pela experiência inovadora de aprendizagem digital.

Mundiblue.

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