Um salário maior traz mais felicidade? Na vida sim, mas no trabalho não, diz estudo.

Altos salários estão ligados a maiores responsabilidades, maior pressão por desempenho e cargas de trabalho mais pesadas, o que torna as pessoas bem mais infelizes no escritório, diz a pesquisa

 

“A felicidade é vista como uma construção duradoura, enquanto a satisfação pode ser momentânea.” Silãnia Costa. Foto: Mundiblue.

 

Dinheiro realmente pode comprar felicidade — só não no trabalho, diz nova pesquisa da escola de negócios Wharton.

Isso é especialmente verdadeiro para adultos que ganham até no máximo R$ 60 mil por mês, de acordo com uma análise publicada por Matt Killingsworth, pesquisador sênior da Wharton School, da Universidade da Pensilvânia.

Entre esse grupo demográfico, aqueles que ganham mais são mais felizes no dia a dia, mas não são mais felizes no trabalho do que pessoas com renda menor, relata a CNBC.

Killingsworth conduz o estudo desde 2009 e pessoas que ganham mais de R$ 60 mil por mês representam cerca de 3% dos participantes.

Ele já havia publicado um artigo em julho de 2024 baseado no mesmo estudo, sugerindo que não há limite para a correlação entre felicidade geral e rendas mais altas.

Em outras palavras: quanto mais você ganha, mais feliz você tende a ser, sem um ponto de retorno.

O trabalho é visto como “uma das atividades menos felizes” entre todos os participantes do estudo, disse Killingsworth à CNBC Make It.

E aqueles que ganham mais tendem a experimentar maiores responsabilidades, maior pressão por desempenho e cargas de trabalho mais pesadas, observa ele.

Daí que acabam sendo bem mais infelizes no escritório.

“Uma das coisas que liga dinheiro e felicidade é a sensação de controle e a liberdade de fazer o que quiser. Mas, se você passar a sofrer mais pressão no trabalho e tiver seus passos controlados de perto, provavelmente vai ficar infeliz por ter perdido a autonomia que tinha antes. Funcionários que trabalham muitas horas também podem sentir que seus empregos interferem no tempo com a família, na saúde ou nos hobbies, mesmo que se considerem muito focados na carreira. Quanto mais você trabalha, menos provável é que você seja feliz no trabalho. Se você passa todo o seu tempo ganhando dinheiro, provavelmente não conseguirá se beneficiar disso da maneira que esperava.” diz Killingsworth.

A análise também destaca outra tendência: à medida que a participação de uma pessoa na renda familiar aumenta, sua felicidade no trabalho diminui.

“Se você é o provedor da família, pode sentir pressão para sustentar todas essas pessoas. Também pode ter optado por uma carreira mais bem remunerada que, essencialmente, faz com que deixe de lado outros objetivos.

Killingsworth, observa que não está estatisticamente claro se essa tendência se estende a quem ganha mais de US$ 200.000 por ano.

Felicidade é diferente de satisfação

Felicidade e satisfação geral no trabalho são diferentes, observa Killingsworth.

No estudo, os participantes classificaram como se sentiam, de muito bem a muito mal em tempo real e ao longo do dia.

A satisfação do funcionário no trabalho está ligada a salários mais altos, sugeriu uma pesquisa da CNBC de 2019, mas talvez não exclusivamente.

Outros fatores, como ambiente de trabalho, nível de estresse e coesão da equipe, podem ser melhores indicadores de atração, retenção ou exclusão de talentos, de acordo com uma análise da Gallup de 2022.

Fonte:

Matt Killingsworth, pesquisador sênior da Wharton School – Universidade da Pensilvânia.

Época Negócios – Futuro do Trabalho.

Mundiblue/Silânia Costa.

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